LC Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus:
– E quem é o meu próximo?
Jesus, prosseguindo, disse:
– Um homem descia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote. E vendo-o, passou de largo. De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho. E pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu te pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
Respondeu o doutor da Lei:
– Aquele que usou de misericórdia para com ele.
Disse-lhe, pois, Jesus:
– Vai e faze tu o mesmo.
Notas do Autor: LC 10:29-37
CAIU NAS MÃOS DE SALTEADORES. A parábola se torna ainda mais contundente quando já sabemos que os salteadores são aqueles que sobrecarregam as pessoas com ordenanças religiosas e preceitos de homens, com o objetivo de saqueá-las. Ainda que a pessoa esteja à beira do único “Caminho”, encontra-se caída e quase morta.
CASUALMENTE... CERTO SACERDOTE... UM LEVITA. Na época de Jesus, enquanto o sacerdote ministrava a parte espiritual, o levita cuidava da parte material do Templo. Ambos observavam vários rituais de purificação. A Lei dizia que, se alguém tocasse em alguém com fluxo de sangue ou feridas, se tornaria “imundo”. Deveria banhar-se, lavar suas vestes e seria “imundo até a tarde” (Lv 15:2-7). O sacerdote e o levita preferiram continuar “puros”, a socorrer o semelhante. O ritual religioso prevaleceu sobre o segundo maior mandamento.
MAS UM SAMARITANO. A prova de que Jesus não guardou nenhum ressentimento ou mágoa contra o povo samaritano é que, quase em seguida à Sua rejeição, Ele contou esta parábola que associou, eterna e mundialmente, o samaritano ao mais belo ensinamento sobre o amor ao próximo.
QUE IA DE VIAGEM, CHEGOU PERTO DELE E, VENDO-O, ENCHEU-SE DE ÍNTIMA COMPAIXÃO.Quem é o Samaritano que ia de viagem, viu o caído, chegou perto e Se encheu de íntima compaixão? Quem levou sobre Si todas as nossas dores e enfermidades? Quem pagou o preço antecipado por todos os que sofrem e voltará um dia para pagar ao “hospedeiro” a justa recompensa? É Jesus, a quem eles já haviam xingado de“samaritano” (Jo 8:48).
QUAL, POIS, DESTES TRÊS TE PARECE TER SIDO O PRÓXIMO? O doutor da Lei deveria responder: “o samaritano”. Porém o orgulho, aliado ao ódio e preconceito contra o samaritano, fez o doutor da Lei se contorcer e dizer, de maneira indireta: “aquele que usou de misericórdia” (Lc 10:37). Do mesmo modo que o doutor da Lei não quis confessar e reconhecer o samaritano, porque isto iria contra a convicção religiosa dos judeus, assim também eles não quiseram confessar e reconhecer Jesus como Messias. Em Israel, até hoje, Jesus é considerado um deus pagão: apenas 6% da população é formada de cristãos e, destes, a maioria é de estrangeiros que vivem em Israel.
VAI E FAZE TU O MESMO. Da mesma maneira que Ele, o Bom Samaritano, fez, assim também nós devemos fazer. Fica também o ensinamento de que “santidade” sem amor ao próximo é apenas religiosidade estéril.